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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

UMA ESCOLA AMERICANA QUE ENSINA A PARTIR DO JOGO


Muitos alunos sonham com uma escola em que todo o ensino aconteça com jogos. Mas essa escola existe e é pública! Fica em Nova York e os resultados acadêmicos de seus estudantes são impressionantes.
Trata-se da Quest to Learn, com 360 alunos, que nasceu da proposta da ONGInstitute of Play a partir de uma demanda da prefeitura da cidade, que buscava uma maneira de melhorar os indicadores pedagógicos e reduzir os números de evasão escolar do município (3 milhões de americanos abandonam o equivalente ao Ensino Médio todos os anos). E, de fato, nessa escola o índice de faltas e de evasão escolar são ínfimos (6% e quase zero, respectivamente), os professores adoram trabalhar no local (90% não a deixam) e os pais a apoiam fortemente (88% de aprovação).
Todo o programa educacional é cumprido, porém de uma maneira completamente inovadora. Não apenas os livros são substituídos por games e jogos de tabuleiro, como também alunos, professores e funcionários entendem que fazem parte de um processo de colaboração mútuo, em que todos ensinam e aprendem. A escola também adota outras técnicas de ensino avançadas, como aprendizado baseado em problemas, uso criativo de tecnologias e espaços físicos flexíveis.
A equipe da escola produz a maior parte dos jogos usados, mas eles também trabalham com produtos comerciais. Por exemplo, para estudar problemas ambientais de uma cidade, os alunos jogam o clássico “Sim City”. Já para estudar geografia, história, cultura e governo da Grécia Antiga, usam o game interno “I Spy Greece”, onde o aluno precisa cumprir missões como espião Persa.
Todo o processo de aprendizagem se organiza em fases. E outra grande diferença do ensino tradicional reside no fato de que, na Quest to Learn, o erro não é combatido, e sim valorizado. Os educadores entendem que, assim como em qualquer game, o aluno aprende com as falhas. Mas isso só acontece quando o erro não é punido, e sim encarado como parte do processo. Até as avaliações fogem da tradicional prova. Elas foram substituídas pela “fase do chefe”.
O ensino baseado em games se baseia em sete princípios: “todos são participantes”, “desafio”, “aprendizado na prática”, “feedback imediato e contínuo”, “entender a falha como uma oportunidade”, “tudo está conectado” e “sensação de estar jogando”. Mas se engana quem pensa que a escola é só diversão. O ensino é coisa séria na Quest to Learn! Tanto que a escola foi campeã na olimpíada de matemática de Nova York nos últimos três anos e seus indicadores pedagógicos são superiores aos da média das instituições da cidade. E a escola existe há apenas seis anos.
Parece perfeito! Então por que esse novo modelo não se espalha para as outras escolas, inclusive no Brasil?
Modelo disruptivo
A ONG pretende expandir o seu formato. Mas, apesar do aparente sucesso, isso não é algo simples de acontecer.
O principal obstáculo é que se trata de um modelo que rompe completamente com o que se conhece por escola. A Quest to Learn não nasceu da adaptação do modelo tradicional para uma nova realidade. Ela foi concebida a partir do zero para uma nova realidade.
Para muitos educadores e muitos pais, isso é um choque grande demais para ser absorvido. Portanto, a decisão de criar uma escola assim passa por uma escolha de negócios muito séria!
Além disso, apesar do enorme índice de satisfação com o trabalho entre seus profissionais, o modelo não é facilmente aplicável pela maioria dos professores. Apesar de a Quest to Learn afirmar que o professor precisa ser apenas formado em sua área do conhecimento para dar aula ali (eles naturalmente passam por um processo de treinamento interno), é fácil identificar que existe um fortíssimo componente cultural exigido dos docentes, para que se adaptem a um ambiente tão dramaticamente diferente daquilo que estão acostumados a entender como seu ofício.
Há ainda um fator ingrato, mas decisivo. A Quest to Learn forma estudantes que preferem colaborar a competir. Em sociedades (e mesmo em famílias) com conceitos capitalistas muito selvagens (como é o caso dos próprios EUA), isso pode não ser visto com bons olhos. Além disso, um aluno que passou toda a sua vida escolar em um ambiente assim, pode sofrer um enorme choque ao chegar a uma universidade, com um ensino tradicional. Isso quando não tiver que conviver com professores universitários que não demonstram qualquer interesse pelo aluno, e mal se relacionam com ele.
Então afinal vivemos em um mundo em que não há espaço para uma escola assim?
Claro que há! Apesar de todos os obstáculos acima, não há dúvida que modelos inovadores como o da Quest to Learn são muito bem-vindos. Um dos maiores desafios da educação hoje é diminuir a diferença de linguagem entre professores e alunos, que é enorme e fica cada vez maior à medida que a diferença de idade dos dois grupos se amplia. E, por linguagem, quero dizer estrutura frasal, palavras usadas, interesses culturais, manuseio de tecnologias e muito mais.
Uma iniciativa assim não apenas oferece uma experiência imersiva e envolvente para professores e alunos, facilitando a aquisição de conhecimentos e melhorando a retenção dos conteúdos, como também diminui essa diferença de linguagem.
As maiores barreiras a ser vencidas são, portanto, políticas e do marketing da escola. Então que tal começar um projeto-piloto na escola, apenas para alunos que se interessarem, no contraturno?
É preciso coragem e muito trabalho para uma mudança dessa magnitude, sem dúvida nenhuma. Mas permanecer no modelo tradicional, pela falta dessa coragem, não é uma opção. A educação grita por mudanças.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Este é o melhor sistema de ensino do mundo e nós fazemos tudo ao contrário


Vamos falar do sistema de ensino da Finlândia? O que podemos aprender com ele? Numa frase: tem uma das maiores taxas de alfabetização do mundo, mas nós fazemos tudo ao contrário…
A Finlândia tem um sistema de ensino notável e uma das maiores taxas de alfabetização do mundo: 94 por cento da população sabe ler e escrever e frequentou (ou frequenta) a escola.
Por paradoxal que pareça, é na Finlândia que os alunos passam menos tempo na escola – de entre todos os países europeus. Aprendem a ler mais tarde e só fazem exames no 12.º ano de escolaridade.
Mas há mais. Brincar é parte do sistema de ensino. Os alunos são estimulados a aprender, brincando, sem pressão de exames.
Estes são os traços gerais de uma investigação do professor norte-americano Tim Walker, docente em Helsínquia.
Essa pesquisa sobre a educação na Finlândia – publicada no jornal Atlantic – resulta de uma viagem a 1970, altura em que estes métodos de ensino começaram a ser aplicados, com bons resultados.
É por isso que hoje se reconhece que os finlandeses têm um dos melhores sistemas de ensino do mundo.
“Os finlandeses sempre olharam a educação como a sua maior riqueza”, destaca Tim Walker.
Mas não é apenas este profundo estudo que atesta a qualidade de ensino daquele país. O Program International Student Assessment (que avalia os sistemas educativos de 64 países da OCDE), comprova que a Finlândia é um exemplo mundial, a par da China, Singapura e Xangai.
Aquele programa dá especial relevância à igualdade no acesso ao ensino, independentemente dos extratos sociais. E no relatório mais recente divulgou as médias de chumbos: 12 por cento, na OCDE. Ora, na Finlândia, esse valor não ultrapassa os 3,8 por cento.
Mas o que faz a Finlândia de diferente, em relação a Portugal, por exemplo? Numa palavra, tudo.
As crianças só aprendem a ler aos 7 anos, ano em que entram na escola. Até àquela idade, fazem algo de muito relevante para potenciar as suas aptidões. Brincam. E mesmo no ensino básico, “brincar” é o verbo que mais se conjuga.
As atividades lúdicas são essenciais para que as crianças gostem da escola. Se não se divertirem, se a escola for aborrecida, punitiva, castigadora e criar hierarquias com a avaliação, há maior probabilidade de abandono.
Já reparou que o ensino pré-escolar, em Portugal, é hoje transformado num período de preparação para o ensino básico? Nada de mais errado. Na Finlândia, brincam, brincam e brincam. E aprendem, aprendem, aprendem.
E quantas horas passam os finlandeses na escola, por ano? Apenas 704. Em Portugal, são obrigatórias 827, pelo menos.
Apesar de apresentarem tão bons resultados, os finlandeses estão em constante melhoria. No corrente ano letivo está em curso uma medida inovadora, que consiste em colocar os professores a ensinar todas as matérias. Sim, o professor de Matemática pode ensinar Ciências e até História.
As disciplinas são integradas, o que gera uma maior troca de ideias entre alunos e professores, em vez de um domínio total do docente.
Mas há mais questões essenciais para o sucesso do sistema letivo da Finlândia. A escola é gratuita, mesmo a privada. Nada se paga. Nem manuais, nem as refeições, nem sequer os transportes. Os fatores económicos não empurram os alunos para fora das escolas…
Em todas as escolas finlandesas, há um enfermeiro, um psicólogo, um orientador e um professor de ensino especial. Semanalmente, os alunos têm encontros com estes profissionais.
E a figura do professor? Como olha o aluno para o seu professor? Com admiração. É uma profissão muito querida. Só é professor quem tiver um mestrado. E as escolas têm a possibilidade de escolher o corpo docente. Não há colocações, com os professores sem condições mínimas de exercer.
Os concursos de caráter nacional não existem. É ao diretor de cada escola que cumpre contratar, como se fosse um gestor de uma empresa que procura o melhor e mais motivado profissional.
O salário também é relevante. Na Finlândia, o ordenado médio de um professor atinge 3000 euros, cerca do dobro do que é pago em Portugal. É um sistema de ensino caro? Não, é um investimento na educação, um investimento com retorno.
António Henriques
PT Jornal

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

UMA MÁQUINA QUE REGISTA AFETOS


Anda por aí, nos corredores e pátios da nossa Matias, uma máquina fotográfica a fotografar afetos. Se a vires mostra-lhe os teus afetos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

SOBRE A PEDAGOGIA E OS PEDAGOGOS

A escola tem vindo a conhecer transformações significativas, muitas delas provocadas pela vertigem da revolução científica e tecnológica que tem acompanhado a globalização e a construção da sociedade do conhecimento.
Mas, apesar de esse ser um tema recorrente da investigação educacional, com a produção de centenas de estudos que se nos apresentam como inovadores, não deixa de ser confrangedor verificarmos que o estereótipo mais divulgado da instituição escolar coincide com uma imagem que a estigmatiza como demasiado racional, burocrática, muito teorizada e impregnada de clichés administrativos e pedagógicos.

Em consequência, instalou-se no mundo interior dos docentes, nas suas representações profissionais, um efeito cujo efeito ainda está por medir: pese embora tudo o que aconteça na realidade diária das escolas, os professores estão convictos de que a sua profissionalidade e a sua qualidade de trabalho dependerá, mais que tudo, das suas competências "operárias", "práticas" e "instrumentais" que os conduzem à aplicação de técnicas rigorosas, através das quais conseguirão "produzir" a aprendizagem dos seus alunos.

Provas? Muitas há... Primeiro: quase todos os docentes abominam os "receituários", porém quase sempre vivem dependentes dessa normatividade que dá segurança e que proporciona grande parte dos conhecimentos que guiam a sua acção.

Segundo: há outros que se apresentam como os "especialistas", aqueles que acreditam na voz experimentada, enquanto intermediária insubstituível entre a origem científica do conhecimento e a correcta interpretação e divulgação das normas pedagógicas, mas que cedo ou tarde entram em rotinas, esmagados pela inveja dos seus colegas, ou pelo peso secular da indiferença das tutelas educativas quando se fala ou se faz "inovação".

Terceiro: as reformas alteraram o discurso e as linguagens, isto é, a verbalização dos saberes e dos saber-fazer, porém o "processo de mecanização" do trabalho docente permanece, no substancial, inalterável.
Resultado: a lucidez demasiado disciplinar e especializada conduz, invariavelmente, à cegueira no que respeita à apreciação do global, do geral e da diferença.

Nesta transformação profunda, é certo que a ciência substituiu a crença empírica quanto à construção do discurso pedagógico. Todavia, novas formas de misticismo afloraram sempre que, no terreno institucional, se procedeu à aceitação dos poderes, aliados aos saberes, como meios únicos de legitimação de uns e dos outros.

Para que a Escola percorra uma via de transformação positiva, importa que regressemos à reflexão sobre a pedagogia e sobre o papel dos pedagogos. Interessa nivelar o discurso teorizante dos pedagogos com o do conhecimento prático dos docentes.

Referimo-nos a um reconhecimento da pedagogia e dos pedagogos que propicie a conquista da autonomia para pensar o próprio pensamento. Autonomia para reflectir sobre o conhecimento elaborado. Autonomia para construir novo pensamento, com base no conhecimento e na maturação da própria acção docente. Autonomia para gerir, para que se possa gerar. Autonomia, enfim, para que não possa ser imputada aos educadores a incapacidade de integrarem na sua prática quotidiana, de um modo coerente, o que pensam e o que fazem.

UM PROFESSOR, NA SUA ESCOLA, À PROCURA DE AFETOS

© João Vasco

É o meu novo projeto, mostrar que a Matias Aires é uma escola com bons afetos.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016